quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

ORÁCULO DO PÃO DE 30 E 31 DE JANEIRO DE 2013


POR QUE O MEDO?

Dia desses, recebi um e-mail de uma amiga com um poema atribuído a Clarice Lispector que dizia:
“Já escondi um amor com medo de perdê-lo,
Já perdi um amor por escondê-lo,
Já segurei nas mãos de alguém por estar com medo,
Já tive tanto medo a ponto de não sentir as mãos...”

E pensei: “Quantos projetos nem chegam ao papel? Quantas iniciativas são deixadas de lado? Quantos não preferem o resguardo à coragem de ousar, de ir além, enfrentar o medo de falhar, de dar o primeiro passo?
Com a idade esse medo se torna cada vez mais forte. Os adolescentes são conhecidos por seu arrojo, agressividade, sua vontade de ir contra o preestabelecido, a sociedade, a família..., mas com o passar do tempo a necessidade de segurança começa a falar mais alto, temos de garantir o pão nosso de cada dia e, então, a criatividade e ideias geniais  começam a ser abafadas, postas de lado. Quantas mentes brilhantes se renderam ao mundo abraçando uma oportunidade que achavam que seria seu “pulo do gato” – vou trabalhar “x” anos, ganhar dinheiro e depois fazer aquilo que quero – e  terminaram a vida criando embalagens para molho de tomate? Nada contra, caso seja essa sua vocação e você se sinta realizado. Talvez criar embalagens para molho de tomate lhe dê condições de fazer o que quer com seu tempo livre e o leve a buscar algo além do prazer imediato; algo que o preencha. Triste é ver o olhar resignado, o ombro baixo, o passo arrastado... daqueles que se acomodaram e por medo não conseguiram se lançar e ampliar seu horizonte -  uma perda para a humanidade, pois cada um tem em si algo que lhe é próprio, singular, único e que pode e deve ser compartilhado.    


Portanto não se permita chegar ao fim da vida questionando aquilo que você poderia ter sido e não foi.
Dificuldades sempre existirão, não importa qual o caminho escolhido, afinal ainda não atingimos o Paraíso - e quem disse que ser bonzinho, seguir os ditames de quem quer, ou, do quer que seja vai livrá-lo de enfrentar os percalços da vida? Afinal, estamos em uma escola.
Enfim, não deixe que o medo o paralise, enxergue-o como um desafio, pois como citado em outro trecho do poema acima:
... Já tive medo do escuro,
Hoje no escuro “me acho, me agacho, fico ali...”

Aquilo que antes era visto como aterrador transformou-se em refúgio. 
Há alguns anos ouvi, ou li, não me recordo exatamente, algo que nunca me saiu da cabeça: “Quando decidimos enfrentar o medo, terminamos por descobrir, na maioria das vezes, que ele era infundado, encontrava-se apenas em nossa mente; e nos abrimos para o imprevisível, para o novo”.
Lembre-se do velho ditado: “Do chão não passa”, talvez você se surpreenda com o resultado.
Mas cabe aqui uma nota sobre algo que os anos ensinam - respeito:
“Ao cruzar uma rua não de sorte ao azar: olhe para os dois lados e atravesse na faixa de pedestres”.  
Sem  medo de viver e 
com amor, 
Cláudia Coelho

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CRÔNICA DO ORÁCULO DO PÃO DE 28 E 29 DE JANEIRO DE 2013




Ontem, em pleno domingão chuvoso, estava trabalhando no escritório de meu pai, quando este chegou com um belo vaso de flores para decorar a sala. Guardava comigo, o rascunho de alguns textos que havia escrito e que tinha a intenção de colocar em meu blog e a cópia de outros já postados. Por ser ele meu incansável revisor e crítico mordaz, daquele tipo que não poupa as palavras por estar falando com a filha – o que na realidade acho ótimo – resolvi colocar sob seu crivo um texto já publicado, mas sobre o qual ainda não tinha certeza se expressava o que eu realmente pretendia: o Oráculo do Pão de 25 de Janeiro, intitulado “Ação e Reação”.

Ao sermos agredidos temos duas opções:
revidar na mesma medida,
ou oferecer a outra face;
ofertando ao próximo,
aquilo que nos foi negado.” 

Ele leu, aprovou – Ufaaa!. Mesmo assim, fiz a pergunta que não queria calar:
- Na sua opinião, quem é “o próximo”?
E ele respondeu:
-O agressor.
Sim pode ser, mas não era exatamente o que eu queria dizer. O próximo, a meu ver, teria de representar qualquer indivíduo. Mas, não foi isso que meu pai, e todas as pessoas para quem li o texto entenderam. Portanto, não era um erro de interpretação, mas, ao contrário, de expressão. E ao explicar para meu pai qual tinha sido minha intenção, ele, sabiamente, disse:
- Você tem de escrever outro texto.  




Exatamente por isso decidi contar a você como essa ideia me ocorreu.

Já há algum tempo trabalhei em uma empresa com um chefe irascível que agredia não só verbalmente, mas também com atitudes, todos a seu redor, inclusive eu. É óbvio que tal comportamento gera tensão, e como ação gera reação vi-me tentada a revidar, assim como os outros faziam. Mas qual não foi minha surpresa quando me percebi calando e, em contrapartida, agindo de modo cada vez mais gentil com meus colegas - talvez por ter sentido na carne a falta que faz ser tratado com delicadeza.  Ao agir dessa forma, toda a raiva que por instantes tomou conta de mim, esvaiu-se, transmutou-se, dando espaço para que o melhor de mim se manifestasse.
Há várias interpretações do texto bíblico “oferecer a outra face”. Não é fácil ser cordato com quem nos agride, deixar de lado o rancor, perdoar, principalmente quando somos sensíveis a ponto de perceber que toda essa agressividade não é direcionada diretamente a nós, mas sim fruto de uma história de vida a qual não podemos, nem nos compete querer mudar.

Portanto, enquanto não for possível oferecer a outra face a alguém que o magoou, dê o melhor de si aos que lhe são próximos. Acredito, por experiência própria, que com o passar do tempo, a ofensa sofrida no passado pouco a pouco perderá sua importância e você conseguirá oferecer a outra face ao agressor e sentir, por fim, a libertação que livrar-se da mágoa, da raiva, do rancor e do ressentimento nos traz.




  Com  minha melhor face,
Cláudia Coelho

sábado, 26 de janeiro de 2013



ORÁCULO DO PÃO DE 26 E 27 DE JANEIRO DE 2013

TOCAR

 


Escrever o Oráculo do Pão de 23 e 24 de janeiro, no qual afirmei: “...todos nós, sem exceção, ansiamos por ser tocados por alguém que enxergue além das aparências e adentre, com delicadeza, nossa alma...”, levou-me a refletir sobre quão amplo é o sentido do verbo “tocar”; do substantivo “toque”.

Quantas expressões existem com essas palavras? Inúmeras. Por exemplo: “Ele me deu um toque”,  "dê um toque quando chegar", “o livro me tocou”, “o telefone está tocando”, “ela tocou meu coração”, “ele toca piano”, “tocou fundo em minh'alma”, “ele tocou no assunto”,  "você tem de se tocar", “a polícia deu o toque de recolher”, “cuidado: ela é uma verdadeira ‘não-me-toques’”, “ele deu um toque a mais na decoração”, “ela tocou o companheiro para fora de casa” , “isso não me toca” , etc., etc., etc. e tal.

Movida, então, por minha inata curiosidade e espírito investigativo decidi descobrir quantas acepções existem para o verbo “tocar” (do latim toccare), no  Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, versão 3.0.  Pasmem: trinta e três (alguns sinônimos: comovercompetirconcernirestimular e tanger). E para o substantivo “toque”? Dezoito (sinonímia: estigma, marca, sinal, timbre, traço).

Acredito, portanto, ter sido muito acertada a escolha do psicanalista René Spitz de inserir, em sua lista das “Necessidades Fundamentais para o Desenvolvimento Saudável de Bebês e Crianças”, o item “toque e contato corporal” em segundo lugar, pois...

1- Condições básicas de sobrevivência: segurança e estabilidade
Como um recém-nascido requer muita atenção, é preciso que haja alguém capaz de oferecer a ele condições mínimas de sobrevivência, o que inclui segurança e estabilidade.

Mas...

2- ... As crianças privadas de contato físico terão seu desenvolvimento e crescimento prejudicados, mesmo que recebam proteção, alimentação e sustento  adequados.

Creio, no entanto, que a necessidade do toque não seja um privilégio de crianças e bebês, mas também dos adultos. Talvez nesse momento de vida ela não se resuma ao sentido estrito, ou seja, o contato físico; mas, sim, ao sentido lato - o qual inclui momentos significativos, experiências compartilhadas e, a meu ver, primordialmente, palavras: o toque dado por um amigo que, realmente, deseje nosso bem ou, quem sabe, por um desconhecido que talvez tenha nos enxergado além das aparências; pelo trecho de um livro, que escolhemos “por acaso”; pelas mensagens recebidas em momentos de silêncio e meditação; pelo telefonema que chega quando estamos perdidos e tudo que mais precisamos seja de uma palavra de carinho, compreensão, incentivo    ... pela troca.


Somos feitos por palavras
Anairb Black

Mas, lembre-se de que estar aberto, livre de resistências e ideias preconcebidas são requisitos fundamentais para poder dar e receber, tocar e ser tocado e que somente a interação saudável com o outro nos permite transcender, crescer, ampliar nossa visão de mundo e atingir a tão esperada autonomia emocional. 

E lembre-se também de que, às vezes, calar é uma virtude.


Com um toque de amor,
Cláudia Coelho


PS: Para os curiosos de plantão, seguem abaixo algumas acepções do verbo "tocar" e do substantivo "toque" que talvez não tenham sido mencionadas acima. 

TOCAR

1       pôr a mão em; pegar; apalpar
Exs.: é proibido t. (em) qualquer mercadoria
2       pôr(-se) em contato com; roçar por; encontrar(-se)
Exs.: seus lábios tocaram (n)os dela         
3     Regionalismo: Brasil.
movimentar-se na direção de; dirigir-se; andar, seguir
Ex.: entrou no carro e tocou(-se) para o trabalho
4     estimular (com espora, chicote, aguilhão etc.); fustigar, impelir, incitar
Exs.: t. o cavalo
5     aproximar-se de; chegar a, atingir
Ex.: finda a subida, tocou a beira do precipício
 6      chegar (a determinado ponto ou limite)
Exs.: a dívida toca a milhões de reais
 7      estar contíguo a ou junto de; confinar com
Ex.: o terreno dele toca o meu
8   fazer-se ouvir por toques; anunciar por meio de sons
Exs.: ouviu o relógio t. (três horas)
9   caber a responsabilidade de; competir
Ex.: só a ele tocava a direção da casa
10   causar abalo a; impressionar, sensibilizar, comover
Exs.: a tragédia tocou-a bastante
11   sentir-se magoado, ofendido; melindrar-se
Ex.: tocou-se muito com a injustiça do companheiro
12   Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
dar-se conta; perceber
Ex.: ao sinal do amigo, ele se tocou e mudou de assunto
13   Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
dar importância a algo; importar-se
Ex.: falei-lhe da gravidade do caso, mas ele não se tocou
14   Regionalismo: Brasil.
fazer progredir, levar adiante
Ex.: disse que precisava t. o projeto
15   mandar seguir, mandar prosseguir
Ex.: toque depressa (o carro), disse ao taxista
 16    provocar inspiração ou mudança em; influir, excitar
Ex.: a graça tocou-a, e ela se converteu

Sinonímiacomovercompetirconcernirestimular e tanger

TOQUE
1     ação ou efeito de tocar; tocamento, contato
2     som produzido por contato ou percussão; ruído de pancada ou choque
3     ato ou efeito de percutir, tanger, dedilhar etc. um instrumento musical
4     ato de apertar a mão de alguém em sinal de cortesia
5     Derivação: sentido figurado.
aquilo que restou (de algo que desapareceu ou está em vias de desaparecer); sinal, vestígio
Ex.: seu rosto conservava ainda um t. de juventude
6     apuro, esmero ou atenção particular com que um artista procura dar mais relevo à sua obra
Ex.: aquele texto tinha toques de mestre
7   Regionalismo. Uso: informal.
aviso, advertência; informação, dica

Sinonímiaestigma, marca, sinal, timbre, traço

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


 MENSAGEM SIMPLES E SUCINTA DO ORÁCULO DO PÃO DE 25 DE JANEIRO DE 2013

AÇÃO E REAÇÃO

 

Ao sermos agredidos temos duas opções:
revidar na mesma medida,
ou oferecer a outra face;
ofertando ao próximo,
aquilo que nos foi negado. 

Cláudia Coelho





quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


ORÁCULO DO PÃO DE 23 E 24 DE JANEIRO DE 2013 


ENXERGANDO ALÉM DAS APARÊNCIAS




Cada um de nós tem uma história de vida diferente: algumas, um riacho tranquilo; outras, uma corredeira.  
Porém, independentemente da categoria em que você se enquadre, dos desafios que teve e tem de transpor, dos percalços que lhe foram impostos como aprendizado; todos nós, sem exceção, ansiamos por ser tocados por alguém que enxergue além das aparências e adentre, com delicadeza, nossa alma - sim, com muita delicadeza, pois algumas de nossas feridas podem ainda estar abertas, necessitando de cuidado, atenção, carinho... compreensão.

Para Elney Bunemer

Com delicadeza,
Cláudia Coelho  

sábado, 19 de janeiro de 2013


CRÔNICA DO ORÁCULO DO PÃO DE 21 E 22 DE JANEIRO DE 2013

DIVERSIDADE






Dia desses estava no escritório de meu pai quando ouvi ele e a secretária conversando sobre “escondidinho” – um quitute típico do nordeste (proveniente de Pernambuco) preparado com carne seca "escondidinha" por uma camada de purê de cará, de mandioquinha, de batata, de macaxeira, etc.  


Não é de dar água na boca?

Fiquei olhando de esguelha enquanto os dois se divertiam e não resisti: saí de minha mesa e juntei-me à dupla,  até porque  adoro escondidinho e queria dar meus pitecos, mas de repente caí em mim: “Por mais que eu goste de escondidinho, já imaginou comer esse mesmo prato entra dia, sai dia, por toda a vida?”. Vixê, ficaria enjoada e aquilo que antes me dava prazer perderia seu sabor, deixaria de ser um deleite. E, então, lembrei-me da conversa entre meu irmão e sua assistente sobre a arte de fazer doce de abóbora- quase uma unanimidade nacional. A maior parte das pessoas que conheço amaaaaaaaaaaaam doce de abóbora, inclusive eu, principalmente quando este é caseiro; o que se tornou uma raridade, peça de museu. Mas o que aconteceria se comer doce de abóbora fosse nossa única opção? O que aconteceria se  fôssemos todos iguais? O que aconteceria se... A vida se tornaria um tédio. 


Portanto, dou graças à natureza ser tão pródiga e, em sua abundância, oferecer-nos a chave para mantermos nossos sentidos alerta: diversidade.

Fazer a cada dia uma atividade que exija que seus neurônios busquem novas conexões, aprender uma palavra em outro idioma, abrir-se para compreender e aceitar os hábitos e costumes de outra cultura, dar “bom dia” ao porteiro com um tom de voz diferente, entrar no escritório com disposição renovada faz com que nos sintamos vivos, atentos,  alertas, sagazes: prontos para experimentar novas emoções, enfrentar novos desafios e, consequentemente, mudar nossa visão de mundo e perspectiva. 

No entanto, caso você não possa comer nada além de escondidinho, saboreie-o como se o estivesse fazendo pela primeira vez : sente-se do outro lado da mesa,  observe o colorido do prato e o ambiente ao redor, sinta a textura do alimento em sua boca, use um tempero diferente a cada dia - transforme esse momento em um ritual. 

E, lembre-se de que  a vida está a nosso dispor, mas cabe a nós dar sabor a ela. 


Vós sois o sal da terra e a luz do mundo
 Adaptado de Mateus 5:13 - 14




Com amor e sabor,
Cláudia Coelho





    

ORÁCULO DO PÃO DE 19 E 20 DE JANEIRO DE 2013

DICOTOMIA



“Não somos seres carnais vivendo experiências espirituais;

mas, sim, seres espirituais vivenciando experiências carnais”.

Anônimo


Contribuição de Paula Carvalho




sexta-feira, 18 de janeiro de 2013


ORÁCULO DO PÃO DE 17 E 18 DE JANEIRO DE 2013



ESPALHANDO SEMENTES DE PAZ

Para Ana Flávia
... incansável semeadora.

                        Semeai para vós em justiça,
ceifai segundo a misericórdia;
lavrai o campo da lavoura.

Oseias 10.12

Quer ver um milagre? Plante uma palavra de amor profundo na vida de uma pessoa.
Cultive-a com um sorriso e uma oração e veja o que acontece quando um empregado recebe um elogio, uma esposa ganha um buquê, um bolo é assado e levado ao vizinho, uma viúva é abraçada, o frentista do posto de gasolina é reconhecido, um orador é aplaudido.
Espalhar sementes de paz é como semear feijão. Você não sabe por que crescem; como crescem - sabe apenas que crescem. Sementes são plantadas, e camadas de solo magoado, removidas.
Não esqueça o princípio. Nunca subestime o poder de uma semente.




                                                       O Aplauso do Céu

Adaptado de texto de Max Lucato por Cláudia Coelho





Pois...

Aquilo que o homem semear, isso colherá.

          Portanto...

      Sonhe, semeie, conquiste.










terça-feira, 15 de janeiro de 2013


CRÔNICA DO ORÁCULO DO PÃO DE 15 E 16 DE JANEIRO DE 2013


FILOSOFIA DA FAXINA


Hoje, descobri que arrumar a casa além de ser um processo terapêutico - já que dificilmente alguém que esteja desordenado interiormente consegue manter sua casa em ordem; à exceção dos que sofrem de TOC, o extremo oposto  – é um processo filosófico.  

Estou prestes a voltar para meu apartamento próprio; em um prédio antigo com mais de 50 anos, o qual não tem garagem, mas que se tornou o xodó do bairro.

Até pouco tempo, era considerado um prédio velho, sem recuo e hoje é uma raridade, pois além de bem conservado, mantém características que não mais se encontram: pé direito alto, aposentos espaçosos, vizinhança agradável – onde todos se cumprimentam e a Dona Lúcia, dona do mercadinho da esquina, nos recebe com um sorriso e tem para vender tudo que você precisa para o dia a dia - a preços módicos; mais baratos que os dos supermercados. (Saudades da Dona Lúcia; do Sr. Mazza, o síndico que além de cuidar de nosso prédio me trata como filha; da Maria Rosa, amiga de todas as horas).

Bem, voltando à faxina, hoje eu estava com um espírito diferente, questionando o que, quando mudasse, levaria de volta para meu antigo apartamento ou entregaria a uma entidade beneficente. De repente deparei-me com meu sofá: sabe aqueles sofás antigos, de três lugares, feitos de couro, tão ou mais confortáveis que uma cama? Pois, é. Minha mãe me deu um desses quando fez uma reforma na casa, achando que ele não tinha mais serventia. Meu primeiro instinto foi pensar: “Por que não trocá-lo por outro?”, mas no segundo seguinte caí em mim – ele é uma raridade, não se fazem mais sofás como esses, que resistem aos anos de uso e abuso sem reclamar, sem perder a forma, e que te acolhe quando tudo o que você mais quer é ver “nada” na TV – e decidi que o levaria comigo; assim como minha cristaleira – comprada há mais de 30 anos em uma loja de “antiguidades”, a qual me acompanha em minhas idas e vindas até hoje.

Apesar de não devermos comparar pessoas com objetos, acho que aqui cabe um adendo: Qual o limiar entre considerar uma pessoa ou objeto velho, obsoleto ou um ícone que resistiu ao tempo? Acredito ser uma simples questão cronológica; pelo menos no que tange aos seres humanos. Por que uma pessoa aos 50 é tida como um indivíduo ultrapassado e, ao aos 80, um sábio; por vezes,  "patrimônio da humanidade"? Vide, Oscar Niemeyer, Saramago, Drummond e tantos outros.

O conhecimento da arte do bem viver se constrói ao longo dos anos, dia após dia, o que me fez lembrar Mário Sérgio Cortella, que declarou em uma palestra intitulada, Não Nascemos Prontos : “Cuidado quando dizes que quanto mais uma pessoa vive, mais velha ela fica. Pois se caso quanto mais alguém vivesse, mais velho ficasse, seria necessário que ele tivesse nascido pronto e fosse se desgastando com o tempo. No entanto, gente não nasce pronta e caso o fizéssemos não existiria educação, construção, desenvolvimento”. 

Não existiria o vir a ser.

Até alguns fogões, sapatos, geladeiras que nascem prontos e se desgastam, terminam por ser considerados kitsch e se transformam em objetos de decoração.

Ainda de acordo com Cortella: “Hoje somos nossa 'edição' mais atualizada". E, eu, Cláudia, espero "publicar" edições cada vez mais atualizadas de mim.

Portanto, deixe os estereótipos, conceitos ultrapassados ou clichês de lado.
Busque aprender uma coisa nova a cada dia. Produza. Faça planos. Tenha projetos. 

Enfim, viva!
Abraços,
Cláudia Coelho


domingo, 13 de janeiro de 2013


CAMPANHA DO ORÁCULO DO PÃO DE 12, 13 E 14 DE JANEIRO DE 2013

RESGATE

COLABORE COM ESTA CAUSA


Dia desses estava em casa, me preparando para ir ao trabalho, quando resolvi  checar minha caixa de entrada de e-mails.

Qual não foi minha surpresa quando me deparei com uma mensagem encaminhada por meu irmão Eduardo, às 23h19 do dia anterior - 08 de janeiro de 2013. 

Esta logo me chamou a atenção, pois Edu além de ser uma pessoa que dorme cedo, não fica caçando na Internet correntes para encaminhar a seus amigos virtuais (nada contra quem o faz, muito pelo contrário) - mas ele só envia e-mails quando acredita serem eles realmente relevantes, e o texto dizia:


Se tiver aí sem fazer porra nenhuma escute o link abaixo”.

Abs.
Coelho 

Livros mais vendidos no Brasil

Acredito que provavelmente quem estava fazendo “porra” nenhuma era ele -  talvez tivesse perdido o sono, preocupado com os negócios, não sei, mas o tom displicente do e-mail,  contrasta imensamente com o conteúdo do link que ele enviara: a primeira parte da palestra do filósofo, mestre e doutor em educação pela PUC-SP, Mário Sérgio Cortella, realizada durante o seminário FAMÍLIA, ESCOLA E CIDADANIA, da EPB de Santa Catarina – o título, “Não nascemos prontos”.

Curiosa, decidi ver do que se tratava, mesmo me arriscando a chegar atrasada ao escritório. Qual não foi minha surpresa ao ver que o tema era o mesmo que hoje tanto tem ocupado minha mente e coração: “A perda e a necessidade do resgate de relações autênticas e éticas – consigo, com o próximo, com o mundo ao redor. A emergência da mudança de nossa noção de tempo”.

Com certeza, não foi por acaso que ao ver o vídeo dei-me conta de que há um movimento coletivo cujo foco é a urgência do resgate do ser humano, sem o que o homem continuará, cada vez mais, a se afastar de sua essência e a buscar a felicidade imediata. Portanto, em vez de criar um Manual de Resgate, decidi lançar uma Campanha em prol do Resgate da Autenticidade das Relações.

Seguem abaixo alguns exemplos que corroboram minha percepção:


Marcos Rojo, César Deveza e Monja Coen

- O programa “Caminhos Alternativos” de 05 de janeiro de 2013 da rádio CBN (segue link abaixo) foi dedicado ao momento mais marcante do programa em 2012 – a edição de “Viver para Sentir” evento criado em comemoração ao aniversário de quatro anos da “caminhada” de Fabíola Cidral e Petria Chaves. O   programa, gravado ao vivo no Itaú Cultural em 21 de outubro de 2012, contou com a participação da Monja Coen, fundadora da comunidade Zen Budista do Brasil; do médico César Deveza, colaborador do projeto PROSER da FMUSP; de Marcos Rojo, instrutor de ioga, professor da USP e da Palas Atenas; do Barbatuques, grupo de “percussão corporal” e uma platéia de 300 ouvintes/caminhantes.
Durante o programa todos os entrevistados, além de enfatizarem a importância de resgatarmos o humano em nós, de percebermos o universo que nos circunda, de estarmos presentes, sugeriram práticas para promovermos mudanças em nosso dia a dia tão “fast food”.  


Ideograma Chie/Sabedoria

- Também merece destaque a crônica de Walcyr Carrasco, publicada na revista Época, edição de 14 de janeiro, intitulada “A Felicidade Obrigatória”,na
qual ele cita a noção de felicidade atual como um troféu a ser exposto e declara: “O modelo de felicidade que está aí não me atrai. Prefiro viver  sentimentos mais profundos”. 

- Por fim, gostaria de salientar que a maior parte das pessoas com quem tenho entrado em contato, não sei se movidas pela energia do início do ano, ou por uma necessidade intrínseca, estão cada vez mais voltadas a entrar em contato com sua verdade interior e tê-la como parâmetro para direcionar seus esforços. 

Pretendo tratar cada um dos temas acima com mais profundidade. Mas, fica aí, uma introdução a qual já dá o que pensar – caso você ainda tenha tempo para isso.
Bjs. orgânicos,
Clau Coelho

PS: Caso queira ler a matéria e ver fotos sobre o programa Caminhos Alternativos publicada no site da CBN, acesse: http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/platb/caminhosalternativos/tag/cesar-deveza/
Se preferir ouvi-la na íntegra, acesse:



O Refletir